VI Já sinto da geada dos sepulcros O pavoroso frio enregelar-me... A campa vejo aberta, e lá do fundo Um esqueleto em pé vejo a acenar-me... Entremos. Deve haver nestes lugares Mudança grave na mundana sorte; Quem sempre a morte achou no lar da vida Deve a vida encontrar no lar da morte. Vamos. Adeus, ó mãe, irmãos, e amigos! Adeus, terra, adeus, mares, adeus, céus!... Adeus, que vou viagem de finados... Adeus... adeus... adeus! Adeus, ó sol que, amigo iluminaste Meu pobre berço com os raios teus... Ilumina-me agora a sepultura: - Adeus, meu sol, adeus! Florezinhas, que quando era menino Tanto servistes aos brinquedos meus, Vegetai, vegetai-me sobre a campa: - Adeus, flores, adeus! Vós, cujo canto tanto me encantava, Da madrugada alígeros orfeus, Uma nênia cantai-me ao pôr da tarde: Passarinhos, adeus! Vamos. Adeus ó mãe, irmãos, e amigos! Adeus, terra, adeus, mares, adeus, céus!... Adeus: que vou viagem de finados!... Adeus!... adeus!... adeus!