Na palhoça iluminada que fica junto da ermida Dês que a missa foi cantada se congrega a multidão Toldo de murta Florida, flores de mágico aroma Ornam o presépio, que toma na sala grande extensão Quão lindo está Não lhe falta nem o astro milagroso Que de repente brilhou Nem o galo, que o repouso deixara por noite alta E que inspirado cantou Tudo o que a lenda memora e consagra a tradição Vê-se ali, grosseiro embora, despido de perfeição Céu de estrelinhas douradas, estrelas de papelão Brancas nuvens fabricadas da plumagem do algodão Anjos soltos pelos ares, peixes saindo dos mares Feras chegando do além Marcha tudo, e vem na frente Os Reis Magos do Oriente em demanda de Belém É esta a lapa; o Menino nas palhas está deitado Com um sorriso de alegria todo doçura e amor Contempla o quadro divino São José ajoelhado E a Santíssima Maria De Jericó meiga flor Trajando risonhas cores com muitos laços de fitas Rapazes, moças bonitas formam grupos de pastores Que curiosos bailados com maracás e pandeiros E o ruído dos cajados desses risonhos romeiros Essa quadrilha dançante, cantando versos festivos Aos pés do celeste infante vai depor seus donativos Frutas, doces, sazonadas, ramalhetes de açucenas Cera, peles delicadas, pombinhos de brancas penas São as joias que os pastores dão ao Deus onipotente E o povo aplaude os cantores e o espetáculo inocente Eis o presépio singelo da devoção popular Oratório alegre e belo Sagrado, risonho altar