Na favela Mora retirantes, ex-escravos, sem-terra Aonde se vive numa eterna guerra Contra um Estado branco que quer nos dragar Lá vem ela Mulata Brasilis é fruta da terra Só nunca pediram a opinião dela Se ela queria se miscigenar O Matuto quando sai da sua terra Vai morar numa favela Deixa o interior para trás Mas carrega para sempre uma mazela Herdada de várias eras de estupros ancestrais E eu vejo os pretos pendurados nos vagões Indo para as regiões onde ficam os seus empregos Eu bem me lembro daqueles velhos grilhões Amarrados aos porões daqueles navios negreiros Na favela Mora retirantes, ex-escravos, sem-terra Aonde se vive numa eterna guerra Contra um Estado branco que quer nos dragar Lá vem ela Mulata Brasilis é fruta da terra Só nunca pediram a opinião dela Se ela queria se miscigenar O quilombola já não sabe aonde mora Nem quando será a hora Dessa tal libertação E por agora é a mãe preta que chora Pois o filho foi se embora trabalhar na construção O quilombola já não sabe aonde mora Nem quando será a hora Dessa tal libertação E por agora é a mãe preta que chora Pois o filho foi se embora Tá deitado no caixão Na favela Mora retirantes, ex-escravos, sem terra Aonde se vive numa eterna guerra Contra um Estado branco que quer nos dragar Lá vem ela Mulata Brasilis é fruta da Terra Mas nunca pedir a opinião dela Se ela queria se miscigenar