Acordei bem cedo E me lembrei de escutar Nossas canções No meu pequeno rádio A mesma estação Me levantei e então abotoei A minha velha blusa Recolhi as garrafas, os copos E o meu violão Saí na ponta dos pés E pra o teu sono Um beijo eu deixei Joguei fora as garrafas Fiz o rádio calar Dos copos me livrei Então foi que empunhei Bem forte o meu violão E cantei com ternura Nossa melhor canção Chorei Eu nunca quis deixá-la Só me resta vagar De esquina em esquina Procurando algum um bar Que me sirva exageros Em tão pouco a pagar Solidão Eu te canto em versos Então chamo atenção Logo se enche a mesa Chegam outros irmãos E antes das 8:00 horas Muitos litros se vão O dia correu, a noite chegou Embriaguez me tombou Eu me lembro de ti Tanto frio que aqui faz Não posso demorar Sou o teu cobertor Abraço as últimas garrafas Saio a cambalear Segurando alguns copos E o meu violão Vou saindo com pressa Sem mesmo me despedir Não posso demorar Sou o teu cobertor E voltei Os portões abri e entrei A escuridão não me parou, continuei E sorri, quando eu vi Na lapide sua foto Iluminada a luz de velas E ao lado as flores Tão antigas que comprei E então eu Mais uma vez bem forte Empunho o meu violão Encho meu copo e o seu E canto a última canção A que eu guardei pra te ninar Em minha doce serenata Sobre a tumba tão ingrata Que te separa amor de mim E adormeço Olhando a última paisagem O céu de estrelas, tua imagem Girando alto a me olhar Fechando os olhos devagar E da lembrança cai a lágrima a ferir E a saudade traz no peito quem amamos Com muita dor percebo que Você já dorme há 15 anos