Acreana, sou fronteira No noroeste encravada Seringueira guerrilheira Não mais luto, estou calada No lado de cá, descaso Ou me junto, bebo e danço No de lá, de novo caso É só subir o barranco A minha irmã é a Bolívia E o Peru é meu irmão Mas sou filha da lascívia E a ambos dou meu coração Na fronteira tenho ficha Desde a guerra com meu guascar Com a Bolívia tomo chicha Com o Peru eu bebo asca Sob o meu verde colchão Tenho o peito recoberto Como terra, sou ilusão Sob o húmus sou deserto Meu peito todo riscado Fui borracha, fui castanha Nos seringais do passado Minha História foi façanha Sou peito lanhado à faca Do machado que me corta Tiraram meu couro, sou vaca Meu sangue o Brasil exporta