I Desejos e vapores apetecem Sussurros amorosos queimam línguas Os corpos calorosos, tão às mínguas Sem sombras de penúria adormecem Amantes verdadeiras não se esquecem Inflamam corações curando as ínguas Faltando abraço, grite e berre. Xingue-as Repletas de magia se compadecem A generosidade feminina Confunde e funde a alma masculina Nas várias cores da desilusão Douradas são as portas dos amores Janelas solitárias incolores Vermelhas: As paredes da paixão II No modo subjugado do passado Amar é conjugar com um obscuro Presente no viver “mais-que-pensado” No tempo imperativo do futuro Porém, o indicativo verberado Das costas flageladas que esconjuro Apura um particípio maltratado Na face impessoal do amor seguro No “há-que-se-fazer” da concordância Um grito na garganta da elegância É ação de rebuscar os saudosismos “Há-que-se-recitar” em bom plural O verbo singular original Aos mundos, infinitos simbolismos III Com que rimar amor sem ser ridículo? Por que canções de amar relembram cama? Talvez o sentimento vire lama Na fossa desse cérebro cubículo Se, pulsa o coração no seu testículo Coitado, pois o “id” o reprograma Na máquina do encefalograma Instinto de morcego é perpendículo Procura-se o mais velho sentimento Das cartas, das promessas, do convento Precisa-se de um pouco de pureza Crescei-vos, pois: Mepois: multiplicai-vos Prazer... Aromiscuidade... atentai-vos Porque também no sexo tem beleza IV Amar é, como dizem estudantes Negar à negação que traz o medo Saber da puberdade seu segredo Amar é ver os tempos cintilantes A cada vil tropeço como d’antes Calar-se, desculpar-se enquanto é cedo Do impulso deste tombo desenredo Poder dançar as valsas debutantes A vida bela aponta o seu cajado Aos filhos deste tempo decorado À luz lilás das unhas inseguras Àquelas mãos divinas sem falange Ensina-lhes a achar o bem que tange Tirando o gosto pelas amarguras V Amar é não temer a sepultura Não é criar distância das escolas Não é só ter, é ser. Pisar em molas Saltar para abraçar com mais altura O medo de perder a criatura Constrói a lentidão nos quebra-molas Por que educação tornar-se esmolas? Tornou-se doação qualquer cultura Na rampa de cimento acidentado O teste do fracasso governado A prova do descaso, nua e crua O povo risca à pedra, a ferro e massa Contando quantos têm por onde passa Percebe-se qual bairro tem tal rua VI Ao misto som, domingo camarário Marcando o preferido cancioneiro Amigos bebem suco batuqueiro Com gosto de churrasco solidário O canto distorcido do canário Mistura-se a uivos perdigueiros Falantes ensurdecem o puteiro Menores se descobrem no cenário O sexo é que cimenta esta parede Amigos verdadeiros matam sede Os outros negam água, mas não fogo Ainda que em estágios primitivos Devoram sentimentos positivos Só há um derrotado neste jogo VII Com quem estão as jóias da bondade? Por que não ter perdão algum pecado? Explica-se ter fraco abandonado? Quais são os medidores da maldade? Terá, no carcará, hostilidade Faminto, caçador e peneirando? Filhote para de berrar mamando? O seu sofrer merenda na saudade? Na ausência de fenômenos macios As lágrimas dos peixes enchem rios Enquanto bebem seiva da clemência Amor faz bem maior pra quem o tem Perdão, quanto mais vai mais perdão vem Não há pecado dentro da inocência VIII Refém de si, nas páginas da história Oculto nas tristezas encobertas Padece o desamor nascendo certas Virtudes recorrentes da memória Quem é amado sabe, na vitória Beber o vinho puro das ofertas Passar altivas portas entreabertas Da luta doravante quase inglória No livro das mentiras sem capítulos A língua mordedora de versículos Feriu da fera a honra. Irão à forra No trapo componente dessa sina Descei a mão, senhor, na carabina Tomai já deste moço o mal que o torra IX Nos palcos firmes da nomenclatura À moda antiga, salta a fantasia Do breu que agora é chama luzidia Ecoa à moda antiga a formosura Sem mesmo ter sonhado com leitura Bem antes de José e de maria Escrita, instrumento ou melodia Adão, caim, Abel ou diabrura Brilhou no ressonar da explosão Um raio de clareza e confusão Um misto de conforto e de fadiga Do ventre genitor da sapiência Nascera ali e por tal excelência Seu nome: Amor, porém, à moda antiga