O sol já se punha, a bola rodava Sujando meus pés, desejos de infância, em plena calçada Lembranças de um tempo, que nada apaga A janta na mesa, as longas histórias, paz na madrugada A branca cortina, que enfeitava a sala Hoje amarela, num canto jogada, poeira e lençóis O fogão a lenha, avós e risadas O colo dos pais, depois das palmadas, do choro à lição Não temos nossos ventos Os prédios cortam nossa brisa São tantos bons momentos Que o tempo quer parar, pra gente olhar pra trás Folhas de plátano, sobre a calçada Em pleno outono, que logo chegava, lembranças demais Nas noites de estrelas, um galho quebrado Protege do orvalho, que cai sobre nós