Não há o que fazer, então eu vou sentar e vou me esparramar Sobre os meus feitos e orgulhos, e vitórias Todo o egoísmo, toda a violência, toda exclusão, toda opressão da qual fiz parte, preponderante! Então me resta cercar de grades e deitar sobre os ossos dos mortos E deleitar o sangue quente que ainda escorre da terra Que é o fruto e resultado de nossos feitos genocidas E das vidas que se foram Lutando Dormir e acordar, viver e trabalhar Horas em movimento e um dia a dia sem sol (sem sol!) Cercado de idiotas que são quase espelhos E refletem a imagem que vivemos renegando, familiar Então me resta cercar de grades e deitar sobre os ossos dos mortos E deleitar o sangue quente que ainda escorre dos morros Que é o fruto e resultado do silêncio genocida E das vidas que se foram Lutando 35 milhões de companheiros abaixo da linha de pobreza 60% da renda e da terra nas mãos de menos de 1 milhão e meio Centenas de mortes nos campos, chacinas urbanas, desaparecidos Transformando a vida em show de TV Em estatísticas Então me resta cercar de grades e deitar sobre os ossos dos mortos E deleitar o sangue quente que ainda escorre dos morros Que é o fruto e resultado do silêncio genocida E das vidas que se foram Lutando.