Vou! Eu vou ir-me embora Decidi-me agora Ir-me de uma vez Vou insultar a flora Pisotear a amora E esfregar na tez Da vil chã que mora Na litosfera e se escora Nela mês após mês Vou resenhar a vida Me jogar na grama Como sempre quis Vou perceber doída E lamentar ferida Como sempre fiz Sonharei escondida De minhas dores e, puída Serei muito feliz Vou me banhar na chuva Me queimar na praia E ignorar quem sou Vou procurar verdades E enxergar maldades Onde ainda não fui Vou encontrar o mundo Emancipar meus olhos E ter mais amor Vou compor sobre afetos E os jargões prediletos Não irão faltar Vou abraçar crianças Me entupir de pipoca Junto ao Netflix Vou falar besteiras E pedir desculpas Sem me arrepender Vou ler teus poemas Vou ler meus poemas E vou rir de nós Vou tocar meia-Lua Tocar escaleta E desafinar Vou me imaginar mais alta Vou me imaginar mais velha E quiçá agradecer Vou sonhar contigo Acordar com raiva E tomar café Vou gravar um disco Em dois mil e vinte e oito (vinte e cinco) Você vai ver Vou compor um hit Odiar esse hit E vou me culpar Vou, vou, vou