É o seguinte, entrei em cima do beat É só os louco que insiste naquela ideia mil grau O alemão bem largado, com o pensamento focado Chamado de gardenal, ouviu e num achô legal, que tal? Fazer um dim, até não caber mais no bolso Chegar no baile e apontarem: Aquele mano é famoso! Com o carro do ano, sobrando farinha Todo pá, rodeado de menininha Há! Segura um pouco, a ideia é outra, vem com calma Eu vendo a roupa do corpo mas num vendo minha alma Só bato palmas, pro cara que desceu o céu Rasgou o véu e mais Me sela dum lado do outro na frente E atrás, me enche de paz Me enche de orgulho de ter parceiros verdadeiros Mais que uma família A brisa da noite, do dia a dia que segue O roteiro é improvisado e a trilha sonora é o rap, eu vô Cena por cena, senão enverga Cuidadoso pra não dá o passo maior que a perna Sem maquiagem, a imagem é crua no semblante Nem notaram minha presença, sou coadjuvante A parte mais fraco do elo O meu figurino é bermuda e chinelo Sô brasileiro, amante do pagode Da batucada, da pelada, da gelada Não venho bem de terno e gravata, mas Se é pra casa com a minha nega então não pega nada Já vi manos que deram a volta por cima (Eu mando um salve) Pra queles que curtem a nossa rima Já vi manos que largaram tudo e foram pro buraco Manos que julgam seus outros manos pela cor Manos que são outros em cima do palco Eu rimo porque sei que o hip-hop, como me ensinou gog É mais que treta, lupa preta Aba reta na bombeta, larga a camiseta E o MC não é apenas o que se apresenta, mas sim lamenta A situação dos seus irmãos Nos morros, nas quebradas, nos barracos Nas estradas, na Febem E na mansão também, pois felizmente tem Felizmente tem! Rico que tem tudo e não tem nada Em vão a correria, os meios justificam os fins E o fim? É só o começo de mais uma crise Final feliz num existe ao menos que alguém te avise Pise, pule a cerca, mas seja veloz Há quem ataca e tá na placa, cuidado com o cão feroz Eu sou a voz de quem você quiser que seja Do excluído, da elite, da macumba ou da igreja, veja Por outro lado, entenda o meu legado O hip-hop é o sorriso na cada do moleque abandonado Ousado é aquele que não quer ser respeitado pelos homens Sim, respeito é consequência Che Guevara só na camisa Porque Cristo que é minha essência Tá tudo errado, o capeta tá cheio de sócio Dá pele aos ossos, eu grito quando oro o pai nosso Pai! Seja feita a tua vontade Que de uma vez por todas eu entenda Sem ti não sou nada, minha vida é amarga A porta era larga, eu entrei! Na minha frente tem uma cachoeira Mas eu insisto em beber da goteira Desisto, não tava previsto mas arrego A resposta foi pendurada no madeiro com um prego Em cada mão, suando sangue E aos homens que cuspiram em sua cara: Lhes deu perdão! Esse é meu Deus, sem beleza, só talento Único rei que se arrastava num jumento Andava com as puta, com os leproso e com os detento Nasceu do lado do porco e da vaca Num berço de palha, sem magia Seu pai era um José e sua mãe uma Maria, quem diria? Ao aprendiz de marceneiro eu entreguei minha vida O Cristo, por ele que eu existo Me deixa sem palavras mesmo assim eu não resisto E lhe declaro meu amor no verso, palavras rimadas Quem diz que Deus não curte rap Ainda num entendeu nada