Seu Manezinho foi apitar uma partida de várzea na cidade de Arujá Seu Manezinho foi apitar uma partida de várzea na cidade de Arujá de Guarulhos chegaram dois caminhão cada qual com seu batuque fazendo provocação um time fazia gesto obsceno com a mão outro xingava a mãe mesmo rindo soltando rojão o campo tava todo lameado a partida iniciou, a chuva tinha chegado Manezinho apitava a cada três passo dado quem corria atrás da bola era um bando de cavalo coitadinha da mãezinha do Mané tava com a orelha ardendo, mãe de juiz sabe como é Venceslau não veio ao jogo, pois brigou com a mulher Papo ficou na reserva, pois pegou bicho de pé Barbozão que era o valente na zaga fazia baderna nego que vinha na área driblando ele fazia cara de santo e quebrava em dois a perna lá imperava só um ponto de vista o sádico é o que bate o que apanha é masoquista Benedito o atacante chegando no Barbozão com o vento do bafo torto se atacou torto no chão Manezinho enganado apitou deu vermelho e o time prejudicado não gostou Barbozão enfurecido segurando o Mané disse que ali ninguém era homem como ele é do time favorecido apareceu o capitão Fuscão Preto que já pôs mais de treze no caixão cobra criada diplomado na mandinga uma conta de aritmética ele resolve na briga uma banguela usando tomara que caia da platéia disse ao povo: "tá formada a bataia!" o pau comeu e o Mané tava no meio em casa a mãe do coitado, coitada, sentiu receio e acendeu uma vela pro Mané depois rezou, mãe de juiz sabe como é rabo de arraia, chute, soco, pau e faca no meio do povo véio gritou "mata, mata, mata!" abriram a roda, todo mundo olhou pro chão na lama um corpo, na chuva raio e trovão Seu Manezinho, filho único e solteiro enterrado lama abaixo, antecipando o próprio enterro e o culpado, ninguém sabe, viu e achou quando a mãezinha do Mané soube chorou e todo dia ela vai praquele campo contando pra molecada que seu filho era santo e depois reza com a voz trêmula e grave e acende a vela, na cruz ao lado da trave...