A cidade amanheceu pesada Com toneladas de concreto sobre os ombros Os passantes caminhavam preocupados Subitamente arrancados de seus sonos Certeza de já ser segunda-feira Quando setembro ainda sopra na calçada Tem um mendigo Me olhando espantado Tá penteando os cabelos Neste caco de garrafa Lá vem o moleque desviando dos carros Carrega nas mãos o anestesiamento Passou a morena vestindo vermelho Vendendo suspiros nas ruas do centro Se você não tiver apressado Por favor veja aí um trocado Que sem grana Não tem brasa Não tem canha Não tem nada A cidade amanheceu cansada Foi sustentada pelos braços de mil homens O sol, não se podia avistar Tava escondido numa nuvem de fumaça Certeza de já ser segunda-feira Quando setembro mal se lembra de teu nome Tem um mendigo Estendido na calçada Encontrando sua casa Neste trago de cachaça Lá vem o moleque nas mãos da brigada Trazendo nos punhos os grilhões deste tempo A irmã dele passa num carro bacana Precisa de grana, ela veste vermelho Se você não tiver apressado Por favor veja aí um trocado Que sem grana Não tem brasa Não tem canha Não tem nada