Eu fui meu pai Nessa vida cedo aprendi viver Não tive muitos brinquedos Eu tive que escolher Era trabalho ou miséria Era fome ou diversão E sorrir para as desgraças Era a única opção Minha mãe sempre dizia Você tem que encarar Os desafios da vida É necessário lutar E assim eu fui fazendo Desde que ela me deixou Assim vou sobrevivendo Com o que ela me ensinou Em quantas cidades temos que cantar E andar só, andar só Em quantos lugares temos que pousar E cantar só... Cantar só Desde cedo eu fui roubado pelo meu próprio país Que promete pão mas pedras É o que distribui aqui E a comédia “pão e circo” Vai seguindo pelas ruas mascarando uma verdade Fria, pobre, nua e crua Em quantas cidades temos que cantar E andar só, andar só Em quantos lugares temos que pousar E cantar só... Cantar só O sino da liberdade nunca vai silenciar No mesmo tom, de dó a sol O governo da cidade não vai mais me explorar Das cinzas as cinzas Do pó ao pó