Dona Mariana de Jesus Barbosa Uma caiçara muito valorosa Semeava milho café e mandioca Na zona costeira de Ponta Grossa É memória viva da cultura nossa Essa matriarca mulher virtuosa Estudou com a vida por ser curiosa Cedo arava o solo pra plantar o grão Para seus filhos garantir o pão Sempre bem disposta no final do dia Na roda de prosa tanta gente reunia Animava o baile e boa cantoria Seu marido um bom e forte lavrador Na mata da encosta era o guardador Formou a família no saber da plantação E a filha Dorcilia aprendeu bem a lição Semear sementes pro futuro do seu chão Aquela Dorcilia menina inteligente De tanta leitura guardou dentro da mente Que o bom plantio é todo tipo de semente Na sua cabeça ficou uma certeza Que ali de novo cresceria a natureza A gente nativa hoje ainda conta Que pra alumiar o caminho escuro tinha um certo homem Que ateava fogo no sapê do Guerra e nas moitas de capim Da Praia Vermelha até Jurumirim Se alastrava então um imenso fogaréu Que secava a água e causava um escarcéu A terra queimada não produzia nada E a comunidade ao ver aquela cena Pouco entendia qual era o problema A mestra Dorcilia cheia de iniciativa Ensinou os alunos a tornar mata viva Na volta pra casa, as crianças conscientes Com a professora Espalharam as sementes E aquela atitude, da escola do Baré Começou pequena, mas também com muita fé Merece ser cantada a todo momento Pois marcou setenta e oito como reflorestamento Agora a floresta replantada Vem fazer de Ponta Grossa a mais linda enseada Dessa história revelada nenhum ponto ficou mudo Antes era um pé de nada Hoje é um pé de tudo