Eu sou preto de sangue vermelho de olhos nu Eu sou preto que sofre com esse bairrismo do sul Eu sou preto de raiz nem que eu tivesse olho azul Que eu deixaria de ser preto para ser alguém como tu Eu já lavei minha alma, sangue derramou cristo Eu derramo essas linhas e nada mais do que isto Enquanto valer o visto, vão sempre ouvir dizer Que aquele preto angolano não pára mais de escrever Alguém precisa prender # ou então um motivo pra alguém formular o laudo de que eu preciso morrer Esse negócio aqui, vive longe do fim Porque essas lagrimas nos olhos são parte de mim Vivo num mundo onde o preconceito honra a dez Viciaram nossas leis, nos fizemos as próprias leis Criei um método pra ser muito mais leal Por isso que ser preto faz me ser muito mais real Não importa se eu não toco na radio ou na tv Não importa se o cd nunca virou dvd Só importa que na net o teu filho me vê, Tua filha minha vê, toda família me vê Eu corro atras de espaço, pru trabalho que faço Mas tudo que encontro é mais que um sorriso falso Só que nunca arregaço, nem mesmo quando canso Nem mesmo que eu cair nos hospício vão ver meu fracasso Talvez a própria vida vos possa dar esse prazer Enquanto isso aqui nas ruas eu vou fazendo acontecer Semana de hip hop não vi meu nome não Não pensam que eu morri # pois eu to mais vivo irmão Levando angola comigo Porto alegre comigo Um microfone amigo mano é tudo que eu preciso Deus pai sabe o que faz o que é meu tá guardado Não se espantam se um dia me ver dominar esse estado