Sabe aquela falsa ideia Que a valsa tende a nos passar E sabe do redemoinho que o diabo faz? Sabe quando o amor estreia Que chega a nos arrebatar E o público, que implora, aplaude e vaia, pede bis? Sabe, à noite, a casa cheia Mas tendo de representar Esse mise-en-scène que, por Deus, já não me apraz? Sabe a perna que bambeia Enleia e deixa se levar Mas com o diálogo dos pés a mim mais nada diz? Ela está fora dos jornais Ela está por um triz Súbito me assalta a louca Me beija até se sufocar Rouba-me da boca a fala Sabe que mudar de ideia É um número pra se arriscar Despencar do teatro, anônima e sem cartaz Sabe a falta que a plateia Lhe faz; e a valsa a delirar Fora da ribalta, cai-lhe a máscara da atriz