Sinto um monstro ofegando na espreita Os escuros já não encerram seus rangidos E um relógio cambaleando de tão bêbado Prometendo despertar furor nenhum Esse morto, desvalido e tão pálido Nos falidos verdes campos do futuro Enterrado como um sapo costurado Mau agouro, vai sorrindo atrás de um muro E então me entrego a contragosto A minha alma foi ficando no caminho Vida exposta em carne viva, semimorta A minha alma derrotada por moinhos Eu te digo, era morte anunciada Mas no espelho não reconheci seu rosto E tão fosco vi a lâmina afiada Que roubava todo o brilho que eu não tinha E então me entrego a contragosto A minha alma foi ficando no caminho Vida exposta em carne viva, semimorta A minha alma derrotada por moinhos Poesia em preto e branco, amargurada Sete palmos não encerram esse destino Desatino de um relógio enferrujado Marca o passo, em ironia, descaminho