Foi-se a era dos muros Foi-se a era de se trancar E se esconder do nada mais Foi-se outro amanhecer Em que eu me perdi várias vezes Dentro da minha cabeça Onde mais poderia ser? Dentro da minha cabeça Onde os grilos se escondem Dentro da minha cabeça Onde existem ruídos de um dia cinza Que eu não entendi Muito mais complicado que a minha canção Ao buscar o abstrato Não sei como vou pintar as cores que faltaram Se é que faltaram cores Ou era um único tom Três acordes dissonantes Em um único tom Uma única textura Entre pássaros, cantos, no quintal Como pássaros românticos nos fios elétricos Causando escalas tão dissonantes quanto eu Tão realistas quanto o mundo Tão convenientes quanto o caminhar Por uma cidade tão pequena Tão pequena a ponto de gerar curiosidades A ponto de gerar mil ambientes em um único lugar Eu canto o que meu coração, se quer sangrar Transbordar, é o canto do meu coração Que não quer sangrar, não quer Eu canto o meu coração