O cavalo foi trazido Pelo jesuíta pioneiro Saltou dos chacos guaranis Pra este rio grande fronteiro O índio amansou na guerra E nos deu pra uso campeiro Se criou solto nas pradeiras Singrando um mundo de pastos Empurrou a pé o rio grande Juntou fronteira com rastros E até o mapa tem a forma Da parte interna de um casco Desde então homem e cavalo Seguem nessa trajetória Parceiros de lida e farra Irmãos de dor e de glória Um não vive sem o outro E sem os dois não tem história Tenho no sangue Coxilhas E eternidades, cincerros Vivo a caballo soy gaúcho Rodeado de gado y perros Com a mesma alma de potro Dos sepés e martin fierros Deus pai montava um pingaço Quando criou esta querência Souza Neto um flete bueno Quando gritou independência E o Bento peleou a cavalo Contra a opressão da regência Garibaldi um italiano Pintor de imortais, de buchos Mostrou que é muito mais fácil Nos derradeiros repuxos A gaucharem-se os gringos Que a gringarem-se os gaúchos Cada cavalo que encilho Quatro esteios de crioulismo Relincha neste meu canto Alimenta meu lirismo Com o tutano da pátria Que emana do gauchismo Tenho no sangue tropilhas De relinchos y cincerros Soy gaúcho vivo a caballo Entre manadas y perros Com a mesma alma de potro Dos sepés e martins fierros