O destino é fio de tempo Tecendo alinha da vida Falquejada e cerzida As palmas das minhas mãos O couro cru das marcações Que ao futuro acinzela E nessas marcas revela A essência da criação Nas mãos hábeis do guasqueiro A lonca se torna tempo Trançada no couro bento Das boiadas missioneiras Na nuvem de povoadeira E o estouro seco da armada Nascem bois na terneirada Pelo ofício da mangueira A vida é trança de laço Em rodilha e redondilha Tem armadas e presilhas Mas por pouco se arrebenta Em seis tentos se sustenta Só pra costear o destino Da guitarra que eu afino Se o potro coração senta Tantas mágoas eu sovei Por essas quadras de tempo Quando a garoa com o vento Vez do pealador um sustento Por vezes um musiqueiro Com lampejos de cigarra Bordoneando uma guitarra Num ritual galponeiro Hoje o tempo é retrançado Tenteando a tarca do dia E o fulgor das três marias Luzindo sobre a cancela Se uma flor pontei pra uma bela No talabarte no pinho Foi pra mostrar meu carinho Serenateando na janela