Juliano e Jardel

O Arvoredo

Juliano e Jardel


Na minha casa bem pertinho da parede
Eu armei a minha rede sob a sombra do quintal
De um arvoredo que demonstrava triste
Por que dele o que existe eu aprendi muito mal.
Naquela tarde de verão e sol ardente
Veio o sono de repente sem querer adormeci
Sonhei que os galhos do arvoredo conversavam
E um deles reclamava apontando para mim.
Dizendo eu sofro ameaças todo dia
E não tenho companhia para minha proteção
Sou uma arvore, eu tenho amor e tenho vida
E sou sempre destruída pelo homem, meu irmão.

Eu sou alguém que enfeita a natureza
Sou um banco, sou a mesa, onde fica o seu jantar
Sou sua amiga , sou abrigo do roceiro
Faço sombra no terreiro pra seu filho brincar.
Sou o seu berço, sou seu leito e a moldura
O suporte da pintura e o pincel na sua mão
Eu sua capa e o miolo da revista
E além disso do artista sou a grande inspiração.
Provoco chuva pra molhar a sua roça
E do você não há que possa fazer algo acontecer
Sou escolhida pela ave que gorjeia
Sou a viola que ponteia nos seus dias de lazer.

Eu sou o filtro que respira e purifica
E ar que prejudica poluído não é meu
Por que eu sou sua grande companheira
Sou a porta de madeira que protege o quarto seu.
Você me corta, me retalha e joga fora
Poe fogo e me devora e ninguém ouve minha voz
É muito triste ver meu fim chegar tão perto
Transformando num deserto o que Deus fez para nós.
Ao despertar do meu sono tão profundo
Eu senti pena do mundo pelo verde que perdeu
Por tudo isso eu lamento e tenho medo
Por que sei que o arvoredo é mais gente do que eu.