Por malfazejo e bandido Fui proscrito pra fronteira E esta alma guitarreira Bendiz a sorte maleva De quem aceitou a treva De ser velhaco e mesquinho Sacando orelha aos carinhos Da sorte, bruxa traiçoeira Nessa constância estrangeira De ser dono dos caminhos Proscrito e só nos desertos Sou como o pó dos esteiros Como a tuna das taperas Como o vento caminheiro Destino dos desvalidos De campear, pelas estradas As tristezas extraviadas E os carinhos esquecidos Solidão é minha sombra Saudade o rastro que sigo Apartado por castigo Sombrero ladeado ao vento Vou assobiando um lamento Que o vento retruca e grita Serás sempre essa garganta Que não pode ser cantada Será sempre essa poesia Que não deve ser ouvida Mas bendigo a sorte ingrata Que me apartou pros esteiros Meus anseios caminheiros Revivem velhas ausências Minhas antigas vivências Rebrotam desta alma xucra Quanto mais pária e reclusa Mais crioula Mais querência!