Juliano Gomes

Banho de Gado

Juliano Gomes


Nem o vento marreteia
Minh'alma turva parada
E nunca ganhei estrelas
Feito qualquer poça d’água
E nunca ganhei estrelas
Feito qualquer poça d’água

Por vezes, ganho respingos
Da chuva que vem guasqueada
Mas tenho prima e bordona
Dos grilos nas madrugadas
Mas tenho prima e bordona
Dos grilos nas madrugadas

Sou água benta pra o mundo
Benzendo os carrapateados
E ganho o campo pingando
Na barrigueira do gado
E ganho o campo pingando
Na barrigueira do gado

Pingaços contra o alambrado
Mosqueando anca e virilhas
Na sombra das Coronilhas
Retumba um berro de gado

Um potro de queixo atado
Se acostumando c'o a lida
Renasço a cada mergulho
De alguma vaca de cria

Pingaços contra o alambrado
Mosqueando anca e virilhas
Na sombra das Coronilhas
Retumba um berro de gado

Um potro de queixo atado
Se acostumando c'o a lida
Renasço a cada mergulho
De alguma vaca de cria

Sob um céu telha de barro
Tenho um chão, negror de sanga
Inventei minhas Três Marias
Das rosetas das picanas
Inventei minhas Três Marias
Das rosetas das picanas

Um riscão, pata de vaca
Cicatrizes do meu mundo
E um rebanho, gado pampa
Em minha alma, lá no fundo
E um rebanho, gado pampa
Em minha alma, lá no fundo

Forquilha atrás do cogote
Estouro de gado n'água
Nem o vento marreteia
Minh'alma turva parada
Nem o vento marreteia
Minh'alma turva parada

Pingaços contra o alambrado
Mosqueando anca e virilhas
Na sombra das Coronilhas
Retumba um berro de gado

Um potro de queixo atado
Se acostumando c'o a lida
Renasço a cada mergulho
De alguma vaca de cria

Pingaços contra o alambrado
Mosqueando anca e virilhas
Na sombra das Coronilhas
Retumba um berro de gado

Um potro de queixo atado
Se acostumando c'o a lida
Renasço a cada mergulho
De alguma vaca de cria
Renasço a cada mergulho
De alguma vaca de cria
Renasço a cada mergulho
De alguma vaca de cria