...Sobre o mar... Sobre o mar infindo sinto-me acolhido. Sinto-me velado pelo absoluto. É como se eu descansasse nos braços de uma entidade superior, além da secular e perene humanidade. No oceano tudo se dilui. Dores e lamentos submergem no precipício fundo do começo sem fim. A vontade de atravessar a nado o que é inalcançável me arrebata o oceânico coração. Que a tudo vela, sela, cala. Antes poder percorrer, flutuar, mergulhar na secreta fluidez do que me entregar à estática ilusão que me arrebata a carne. A alma içada percorre os sonhos que não me lembro. Conduz-me sem rosa dos ventos às ilhas inalcançáveis, projetadas no errante navegar. E no naufrágio me acho, envolto às sombras que me trazem a luz. Encoberto na soberba solidão que descansa na minha sincera imperfeição.