Meu samba é uma estrela cadente e não tem brilho falso, não! É pedra de toque, é o corte profundo do surdo nas mãos É lavra de beira de rio, é rede saindo na beira do mar É vento de noite de frio, é filho menino que está pra chegar É tempo de o pensamento vagar É tempo de o pensamento vagar Tecer mais um samba cadente não é rito fácil, não! Precisa rimar, fantasia, saudade, lamento e inspiração E a gente catando palavras soltas pelo ar Lembrando encontros da vida, memórias da mesa de um bar Um lenço, um conhaque, a caneta falhando Um brinde à musa é um gole pro Santo E eu falo de vida e de morte, eu falo de sorte em prol do refrão Revivo o amor já perdido ou aquele surgido na ocasião Solfejo a cadência da dor a qualquer amigo Publico a tristeza do fim pra Deus e o infinito Impeço o tempo passar (êh!) Com ginga, com graça, elegância e sentimento Por que todo amor é semente Meu canto é um samba poente Carrega a tristeza da gente pra lá Porque todo canto é um presente E a vida é uma samba dolente Que gente não pode deixar de cantar Meu samba é uma estrela cadente que desce contente e só para nas mãos É livre, arredio e sofrido, carente e tingido pela escuridão Resiste com fé e beleza, persegue a certeza do recomeçar Invade um amanhã de esperança, ainda é criança e só saber voar É tempo de o pensamento vagar É tempo de o pensamento vagar Meu samba é um tanto insolente, é água corrente, penetra no chão Espalha grandeza com viço, não tem compromisso com o sim nem o não Lamento de dor de outrora, tristeza é senhora, não posso negar É força de povo valente, amor que se sente, não dá pra explicar Um lenço, um conhaque, a caneta falhando Um brinde à musa é um gole pro Santo