Julia Riguez

Fome de Plástico

Julia Riguez


Estamos sendo sufocados 
Sem poder viver a vida
Todos juntos lado a lado 
Travados em suas rotinas
Sem chance de ver a causa feroz 
Vermes imundos sistema atroz
Estamos todos lado a lado 
Tentando achar saída 
Sem poder viver a vida

Acordo cedo pego a minha vara e vou pro mar
Sigo o farol de santa Marta 
Eai João o fusca emperrou vem me ajudar
O problema daqui é a fome de plástico

Ele se infiltrou ele me consumiu
Essa fonte de evolução que hoje tá sem controle
Tudo aqui é plástico o oceano inteiro
Plástico é tempero na mão de quem não se informa
Eles não saberão como continuar
Eles não saberão o estrago que dá
Eles não saberão tudo que vão matar
Então faço canções para tentar contar
Então mova-se a água tá suja e não vai te esperar
Esse reset não dá pra salvar liga pra Iemanjá
Pra escutar as batidas da onda do mar
De todas nossas brigas contra a própria história
Que ficou perdida Atlantis interna hoje não dá liga
A não ser produto pra ser consumido 
Mas não por inteiro tudo é perigo
Tudo aqui é plástico o oceano inteiro
Plástico é tempero na nossa comida 
Peixes são palhaços procurando o Nemo
Procurando o remo pra fugir da ilha 
Que já é plástico e talvez não haja mais opção
A não ser a solidão da nossa própria natureza

Vejo prédios caírem em enchentes 
E o sol nos queimando com correntes
E quem que vai subir
Quem vai é só quem tem dinheiro
Vejo o povo caindo em desespero 

Sustentabilidade, é a última saída
Temos pouco tempo temos menos vida
Sempre me pergunto quando começamos
A destruir nós mesmos nossa moradia
Com toda certeza foi puro engano
Faltou imaginar o que não alcançamos
Agora não temos nenhum segundo plano
A vida extirpa tudo que conquistamos

Tanta evolução pra morrer queimado
É evolução mas olha o estrago
Só preocupação pelo motivo errado
Só bajulação pros desinformados
Só meditação pra manter o compasso
Haja sal e arruda pra manter elevado
Espírito convive pensamento errado
Inverte os valores e ainda conquista espaço

Vejo prédios caírem em enchentes 
E o sol nos queimando com correntes
E quem que vai subir
Quem vai é só quem tem dinheiro
Vejo o povo caindo em desespero