Ó, minha amargura, minha lágrima futura Vai morrer a criatura que lhe amar Dona do universo, pobre rima do meu verso Tudo que eu quiser lhe peço sem ganhar Minha noite escura, meu barulho de fritura Minha rosa púrpura de cubatão Ó, primeira dama, o retrato de quem ama É a cama, o lençol e o cobertor Musa em que me inspiro e por isso mesmo viro Alvo fácil pro seu tiro, charlatã Chama em que me queimo Confissão de amor que teimo em evitar... Qual maçã Conto-do-vigário, ilusão de operário Hora extra de trabalho em construção civil Ligação direta pra roubar minha bicicleta A completa dedo-duro do patrão mais vil Santa mentirosa, a mentira mais gostosa Eu caí em sua prosa sem sentir Mas se Deus é justo, você vai levar um susto Quando for saber o custo de mentir Fruta no caroço, overdose no pescoço Acidente nuclear de chernobyl Grampo de escuta, dose dupla de cicuta Você quer de mim somente amor servil Tão bela menina que não passa da mais fina E nebulosa filha desse miserê Eu, de minha parte, já peguei meu estandarte E vou sambar sem você