Se quiserem um dia me encontrar No verão ou mesmo no inverno É melhor que vá procurar No meio do mato por certo vou estar Lá no sítio: Um drink no inferno Lá encontro muita paz e sossego Melhor que isso não poderia estar Quando deito no conforto de um pelego A céu aberto, sozinho e sem medo Durmo tranquilo em qualquer lugar Tem macaco, bugio e capivara Leão baio, graxaim e ouriço Cascavel, jararaca e cutiara Fazem festa com o grito de cigaras Até espantam o meu cavalo pitiço Outro dia encontrei uma leoa Me olhou com o zóio arregalado Já saí rasgando e correndo a toa E num mergulho pra dentro da lagoa Numa braçada me bandiei pro outro lado Pra lidar com toda esta raça Experiência agora não me falta E o bicho corajoso que me ataca Eu de facão já peleio na fumaça E faço a cola ficar ainda mais alta E quando faço uma boa fogueira E o perfume da folha verde que solta Me dou conta mas não de primeira Que com o chio do bico da chaleira A bicharada mais mansa me acompanha na volta E no escuro adentro da madrugada Estou tomando um bom chimarrão E vejo pelo meio da ramada Um assombro, que até parecia mão pelada Tranco tudo até as frestas do galpão A esta hora o mato inda floreia Uma coruja posando no angico E as aranhas trançando suas teias Se preparando pra mais uma peleia Pra amanhecer, tapada de mosquito Algo estranho está acontecendo Tudo escuro está nesta hora O pior de tudo e que já estou prevendo Fico confuso e a cabeça remoendo E é assim que o indio velho se apavora Faço reza ao meu velho patrão Que me proteja por só mais um dia Enquanto queima o último tição Tremendo sentado a beira do fogão Tomo uma pura pra esquentar a noite fria De manhazinha ainda escuto o floreio De assobio e grito animado Também tem uivo perdido no meio E um bugio que ronca bem feio Faz uma orquestra em grupo entonado Os queridos amigos vizitantes Que não sabem assim como era Se ao menos tivessem visto antes Veem agora aqui neste instante Que não e mais a mesma tapera Fasso um pedido, apenas, agora A qualquer um que chega até aqui A um amigo ou alguem la de fora Que aproveite a qualquer hora Mas que não mate os meus quati Não tem porta nem tem cadeado Passe a dentro e fique a vontade Solte o pingo no potreiro alambrado Mantenha limpo e organizado Isto é um sitio e não uma cidade Temos drinks de boa qualidade Na prateleira espeto e talheres Pra matar a sede, cachaça a vontade Isto é bom uma barbaridade E um bom licor também pras mulheres Não leve nada que não lhe pertença Fassa proveito de tudo que temos Não importa qual seja sua crença É um pedido e não uma ofença Fassa o bem que o bem te queremos Se o desejo é levar algo daqui Deixe os pertences e leve a saudades Não permita a ganância tomar conta de ti Pra ser bem sincero, até isso eu preví Que Deus abençõe o amigo educado