Passa pra dentro, moça descalça Vem com a tua graça, assim reviver Sai da janela, anda depressa Ouve as historias dos ancestrais Gente que lutou, lutou, lutou, lutou Por todo um sonho que era bom Gente que sofreu, sofreu, sofreu, sofreu E tanto sangue derramou Tu nem te lembras, eras criança Sempre de trança, a choramingar Teu pai lembrava, um longe, distante Chegavam homens prum guerrear Guerra de homens bravos, fortes e valentes Valentes, valentes, valentes, valentes, valentes Contra a tirania dessa nação Guerra de gente cabocla, negros, índios, uns humildes Humildes, humildes, humildes, humildes Luta de fazer revolução Teu pai contava que eram cabanos Homens, mulheres, nesse lutar Vinham de longe, do breu da mata Tomar Belém para governar Vieram se chegando assim bem de mansinho Mansinho, mansinho, mansinho, mansinho Como que guarás no mangal a pousar Vieram se entrincheirando assim devagarzinho Devagarzinho, devagarzinho, devagarzinho Como uma jiboia num só sussurrar Conta teu pai, que foram três guerras Contra os desmandos desta nação Eram mulheres, homens, crianças Todos fazendo a rebelião Era gente, gente, gente, gente, gente Com fé em dias melhores Trazendo no peito a saga da união Querendo justiça, bradando suas certezas Certezas, certezas, certezas, certezas Fazer do Pará uma grande nação Já se vão quase uns duzentos anos Coisa que já nem se ouve mais falar Boca de abiu fizeram esse tempo Pra nossa história ninguém contar Nossa verdadeira história, feita de cabanos Cabanos, cabanos, cabanos, cabanos Gente que lutou engrandecendo essa nação Gente que morreu lutando, lutando Lutando, lutando, lutando por um Pará livre Um Pará com a saga da libertação Um Pará com a saga da libertação