Ninguém me enxerga Aqui embaixo no porão Eu dou bom dia E não ganho nenhuma migáia de pão Me negam o peixe Pra que eu tenha que pescar Mas não tenho anzol E na lagoa farta não me deixam entrar Ah! Ahh! Ahh! Ahh! Eu subo e os homi de cima Ma manda vortá Sei que não me querem Com essa tal de educação Pra obrigar meus fio A ter um fuzil E andar de pé no chão Mas que o sinhô saiba Que ela mesmo que tardia Chegou como esperança E faz nós lutar pela democracia Ah! Ahh! Ahh! Ahh! Eu luto e os homi de cima Me obriga a parar E pra quê cultura Se a pobreza quer comida? Mas dão nosso dinheiro Prum monte de gente de alma falida Sou um exilado De um mundo farto da corrupção E ainda exaltam Quem tenta cortar nossas três refeição Ah! Ahh! Ahh! Ahh! Eu voto e os homi De cima consegue anular Sou um cidadão Como qualquer outro Não quero ser de bem Pois são esses os mesmos Que fazem de mim Seu pobre refém Não peço mais nada Já que a crise é braba E a culpada saiu Esse é o último grito De um mísero aflito Que com a justiça caiu