No meu sertão quando é madrugada Meu galo índio começa a cantar Os passarinhos fazendo alvorada Está na hora de me levantar Então eu faço o sinal da cruz Para que a luz de Deus volte a brilhar, eliminando todos os espinhos Que no caminho eu possa encontrar Vejo as galinhas depois a porcada Se não tem milho eu trato com ração E tiro leite da vaca maiada Sobrando muito eu faço requeijão Faço um cigarro e ponho atrás da orelha Tomo um café e pego o enxadão, e vou buscar o que está reservado Pra ser assado em noite de São João Eu passo o ano quase sem dinheiro Mas o importante é a saúde e o pão No cafezal eu passo o dia inteiro Estou faceiro com esta plantação No meio dela planto milho e arroz E também planto um pouco de feijão De tudo isso eu tenho sobrando Se alguém precisa, eu posso dar a mão Quem sai da roça e vai pra cidade Seja empregado, ou seja o patrão Um dia ou outro sentirá saudade Das pescarias lá no ribeirão Se na cidade é muito feliz Principalmente se já foi peão O seu berrante está bem guardado pra recordar a vida no sertão