Minha pele pálida de fome Maquiavélico fora o sorriso daquele homem Eu estive aqui todo esse tempo E todos continuaram ignorando E querem ser chamados de seres humanos? Me oferecem sempre bebida Mas ninguém está disposto a me pagar um prato de comida Ninguém se importa que eu passe fome Ninguém se importa que eu passe frio Ninguém se importa que eu sinta sede Pois vocês já tem um domicílio Eu sou aquele que ninguém vê Eu sou aquele com quem ninguém se importa O pobre mendigo largado Que dormia a sua porta Eu sou aquele que não tem identidade Aquele que não tem documento O homem debaixo da chuva O homem que vai em direção ao vento Falam de igualdade Alguém pode me explicar o que é isso?! Pois desde que me entendo por gente Me tratam como bicho Sinto saudades do meu irmão Ele era tudo o que eu tinha Mas maldito seja o diaque aqueles jovens baderneiros Que por aventura Que eu prefiro chamar de tortura O atearam fogo até a morte Garotos de classe nobre Que mais uma vez saem impunes Uma certa vez ouvi falar de direitos humanos Espero que um dia chegue ao brasil Ficarei feliz no dia que poderei dormir bem Sem me sentir em um canil Quando as pessoas passam viram a cara O preconceito estampa o nosso dia-a-dia Eu sempre tive um simples sonho De constituir uma família Vejo que as pessoas sentem nojo de mim O pobre,o bandido,o sujo, o negro Onde foi parar o nosso tão agradável respeito? É, os dias são outros Lembro que um dia houve um bom povo Que quando via a necessidade humana ajudava Mesmo que não pudesse ajudar muito Um pedaço de pão lhe dava Hoje nosso corpo é uma maquina Nosso coração é um computador Nós temos a cabeça de televisão Vivemos no dia-a-dia essa manipulação E aceitamos de braços abertos Isso me parece tão incorreto Mas quem sou eu pra dizer? Sou apenas um pobre homem que dorme debaixo do viaduto Na noite sou um vulto que lhe traz medo Eu sou o motivo do preconceito Eu sujo as ruas da nação Mas se lembre que foi pelas mãos de um sujeito como você Que o home debaixo da chuva irá morrer