Joseval e Josiene

Minha Covardia

Joseval e Josiene


Quando eu morava na roça
Muitas coisa acontecia
Umas me dava tristeza
Outras me dava alegria
Eu tinha um cachorro preto
Que chamava Ventania
Ele me acompanhava
Em todo lugar que eu ia
Onde existia o perigo
O meu cachorro amigo
Era quem me defendia

Eu me levantava cedo
Logo que amanhecia
Ele vinha me encontrar
Pulava quando me via
E no caminho da roça
Tão contente me seguia
Quando eu chamava seu nome
Depressa me atendia
Aquele guarda valente
Aproximava contente
Parece que até sorria

Eu fiz uma plantação
Num ano que não chovia
O que eu colhi não deu
Pra pagar o que eu devia
Tão triste vim pra cidade
Lugar que eu nem conhecia
Deixando tudo que eu tinha
Muito triste eu saía
Fui direto pra estação
Deixando o querido cão
Que tão tranquilo dormia

Mas eu tive uma surpresa
Na hora que o trem partia
Nesta hora em minha mente
Alguma coisa dizia
Que eu olhasse pela janela
Só assim me despedia
Do meu grande companheiro
Que atrás do trem corria
Voltou pra casa cansado
Latindo desesperado
Na distância se perdia

Alguns dias se passaram
Minha mãe me escrevia
Dizendo que o cachorro
Não passeava e nem latia
Não dormia como antes
E nem a ração comia
Numa tarde de domingo
O coitadinho morria
Estou sofrendo calado
Por saber que sou culpado
Pela minha covardia