Neste rancho de matuto No descampado onde venta Na matina madrugada Em o fogão se esquenta Num toco de casca grossa Que o matuto se senta Prepara sua marmita Que o seu dia sustenta Com gordura amarelada Pouco feijão e polenta Pra cuidar da obrigação Matuto pula bem cedo Escutando a passarada Cantando no arvoredo Acostumado com a luta Serviço duro é brinquedo Caboclo trabalhador Do batente não tem medo Pele queimada do Sol E muitos calos nos dedos A vida deste matuto Com meu estilo combina Ar puro sem poluição Respira pelas narinas A sua água potável Vem lá do fundo da mina Além do clarão da Lua Sua luz é a lamparina Goza de boa saúde Com nada se contamina Este matuto, seu moço Gosta de viver no mato Não divulga a sua imagem Prefere o anonimato A paz e a tranquilidade Pra ele é bom de fato Este homem com certeza É um sertanejo nato Só quando vai à cidade Que ele calça o sapato Pra falar deste matuto O destino me escolheu Nosso Pai maravilhoso Este dom me concedeu Por isso neste momento O prazer maior é meu Poder falar deste herói Que muito me comoveu Porque na realidade Este matuto sou eu