Dois gigantes, dois irmãos Corta o chão brasileiro São filhos da mesma mãe Nos seus pés os dois nasceram Mas nunca estiveram juntos E jamais se conheceram Dois destinos diferentes Cada um tem seu roteiro Dois gigantes, dois irmãos Nascidos no chão mineiro Eles fazem as viagens Sem bagagem e sem baú Passa por entre as pedreiras E os campos de babaçu Leva a vida e esperança Pra flor do mandacaru Eles dividem o Brasil Embaixo do céu azul Um caminha para o norte O outro pro hemisfério sul Tem lugar que sua passagem Transforma num mar de areia Porque o homem sempre agride A privacidade alheia Matando os seus afluentes Faz secar as suas veias Cidade vira deserto Morre quem vive na aldeia Pois na lei da natureza Se colhe o que semeia Lá na serra da Canastra Onde nasce os dois irmãos O Brasil de sul a norte Eles fazem separação São dois rios brasileiros Patrimônio da nação Um deles é o velho Chico O outro é o Paranazão Suas águas vão pro mar E somem na imensidão