Quando eu era rapazote Levei comigo no bote Uma varina atrevida Manobrei e gostei dela E lá me atraquei a ela P'ró resto da minha vida Às vezes uma pessoa A saudade não perdoa Faz bater o coração Mas tenho grande vaidade Em viver a mocidade Dentro desta geração Sou marinheiro Deste velho cacilheiro Dedicado companheiro Pequeno berço do povo E navegando A idade foi chegando O cabelo branqueando Mas o Tejo é sempre novo Todos moram numa rua A que chamam sempre sua Mas eu cá não os invejo O meu bairro é sobre as águas Que cantam as sua mágoas E a minha rua é o Tejo Certa noite de luar Vinha eu a navegar E de pé, junto da proa Eu vi, ou então sonhei Que os braços do Cristo-Rei Estavam a abraçar Lisboa