Crescer faz doer os ossos Perder a pureza no olhar A voz aguda titubeia Até a oitava abaixo chegar Pois antes eu falava como menino E agora como homem eu devo me portar Viver contendo as palavras Pois se as solto, contas delas eu tenho que prestar Procurar um lugar pra chorar Onde a mãe não escuta Quem escuta? Quem se importa Quando ouve um garoto chorar Se observar, lá no fundo, bem detrás Desses panos e retalhos Que a vida nos faz costurar Se observar, lá no fundo, bem detrás Da janela, um menino a espreitar Mundo que antes o acolhia Mas que agora o rejeita Como corpo estranho Produz pus, produz febre Quem há de o acolher?