O velho poço, olho d´agua na cratera Bem lá no fundão da terra Distante da luz do sol Lembro mamãe, quando a caçamba soltava Sua água arrepiava Parecia um caracol Hoje coberto por capim de muitos anos Porque o mundo desumano No abandono te esqueceu Foi em voce, que o verão do teu passado Com seus lábios ressecados De tua água já bebeu Meu velho poço Meu olho d´agua Mata-me a sede No verão de minha mágoa Meu velho poço, bem no centro de um terreiro Onde o sol de meus janeiros Deixei na profundidade Longa era a corda, no sarrilho que descia Como longos são meus dias Neste poço de saudade Perto ainda existe uma tapera caída Da comieira poída Só restou algum sinal Sinal de um tempo, deste tempo que foi vida Hoje uma sombra esquecida No meio do capinzal.