Aquela tapera velha lá no bairro da pedreira Fica à beira de um caminho, no meio da trepadeira Quando passo lá me lembro daqueles tempos primeiros Lá morava chico leite, um caboclo violeiro Lá saía grandes festas nos dias de são joão Lá louvavam o padroeiro numa grande procissão Acompanhando com música e tiro de rojão O eco abeirava o rio que estremecia o sertão De noite era folguedo, tinha samba no terreiro Doutro lado arrasta pé, pras mocinhas dançadeiras Na sala tinha o catira, disputa dos violeiros Lá na cozinha as comadres davam no café o tempero Quem é bom atura pouco neste mundo enganador Um dia o chico morreu e deus para o céu o levou Com a morte desse caboclo, o sertão inteiro chorou Os dias de são joão lá ninguém mais festejou Hoje naquela estrada quem passa tem que chorar A tapera está caindo coberta de um cipoal No esteio velho da casa veio a coruja morar Aonde o chico morreu, deixou a dor no lugar