Diga, velhinho, quem tu és? responde, aonde vais com tanta pressa assim? - eu sou o tempo, e correr preciso, para que em tudo possa dar um fim. Ah! então foste tu, que em meu feliz passado, meus lindos sonhos destruiu sem dó? - sim, é meu destino deixar onde passo, morte, tragédia, solidão e pó. Diga, o que foi feito da mulher que amei, ainda está linda. ou envelheceu? - botei-lhe rugas em suas faces lindas, cobri de neve os cabelos seus. E o que foi feito daquele caminho onde eu passava a sonhar de amores? - cobri seu leito com capim agreste, botei espinhos onde havia flores. E o que foi feito da paineira velha., onde deixei minhas iniciais? - eu a derrubei com o vendaval dos anos, nem seu vestígio não existe mais Ó tempo ingrato, diga o que fizeste, daquela casa onde nasci - na noite longa do esquecimento, sem piedade eu a destruí. Por que não pára, tempo traiçoeiro, tudo destrói em sua caminhada?... - nem mesmo as pedras meu poder resiste, tudo no mundo eu transformo em nada. Por isso os anos passam tão depressa, diga. como fazes para correr assim? - construo as horas, semanas e meses, anos e séculos para o eterno fim. E o que farei se a vida é assim tão curta qual uma luz na escuridão perdida? - faças o bem sem demorar, porque, breve virei para levar-te a vida. Qual furacão arrastando tudo, rindo-se de mim ele foi embora Só então notei que também minha vida, ele arrastava pelo mundo a fora