Igual um cocho de cabreúva hoje é meu corpo Que na floresta da mocidade foi derrubado O boiadeiro meu coração, no curral do peito batendo vai no compasso lento chamando o gado E o gado manso dos longos anos que se alimentam do sal da vida dentro do cocho esparramado Porteira aberta onde o sol entra iluminando Eu que fui mata e a mão do tempo me pois deitado Eu sou o cocho por deus lavrado Pelas campinas do meu destino abandonado Eu sou o cocho por deus lavrado Pelas campinas do meu destino abandonado Dentro do velho cocho puído está meu tempo Cheio de ciscos que pelo vento são arrastados A capoeira de minha infância foi o seu berço E o dia-a-dia cortando fundo foi o machado Cocho sem vida, vida sem ida, ida sem volta Apodrecendo por longos frios pingos de chuva Também meu pranto vai diluindo meu ser cansado no chão do mundo, igual um cocho de cabreúva Eu sou o cocho por deus lavrado Pelas campinas do meu destino abandonado Eu sou o cocho por deus lavrado Pelas campinas do meu destino abandonado