Naquele sítio bem pertinho da cidade Me lembro bem, as oito e dez o trem passava Ele saía da estação as oito horas E dez minutos até o sítio demorava Sua chaminé cortando os campos era o aviso Que eu devia ir correndo para a escola Tomava a bênção da mãezinha e ia embora Levando os livros e meu lanche na sacola A chaminé dos campos Não passou mais, pelos meus sonhos de menino Com o peso dos anos Ela parou na estação de meu destino Sua fumaça parecia um cinto branco Enrodilhado na cintura da colina O seu apito espantava os passarinhos E acordava a avestruz pelas campinas Passou o trem, cobra de fogo atravessando Curvas e serras, matas, pontes e barrancos Trazendo folhas amarelas dos sertões E muito pranto de adeus sobre seus bancos