Parte declamada: A história daquela cruz fincada lá no terreiro Só pai joão que conhece seu passado verdadeiro Ela é uma triste lembrança do tempo do cativeiro Com os olhos rasos de lágrimas de amargura e desengano Cansado de carregá o peso de tantos anos Oiando praquela cruz pai joão conta chorando: Parte cantada: Onde essa cruz tá fincada também tá meu coração Há muitos anos passado, no tempo da escravidão Eu vi o meu pai morrê, implorando sarvação Cortado pela chibata do ingrato sinhô patrão. Minha mãe já bem velhinha de mágoa também morreu Pra carregá essa cruz no mundo fiquei só eu Depois de tanto trabalho que muito tinha sofrido Para outro fazendeiro como um animal fui vendido. Já cavouquei terra dura trabalhei sem reclamar As cicatriz no meu corpo até hoje tem sinar Num dia 13 de maio que veio a libertação Viva a princesa isabel que acabou com a escravidão. Só restou do cativeiro essa cruz que ali se vê Onde o povo faz novena faz promessa pra chovê Sem saber que ali meu pai morreu de tanto sofrê E neste mesmo lugá eu também quero morrê.