Carreiro velho Carreando o carro antigo Você foi meu grande amigo Nos tempos que já passaram Carreiro velho Corre como a correnteza Revirando a natureza Você fez seu calendário Carreiro velho quantas marcas pelo chão Deixou seu carro pelas brenhas do sertão Foi o seu carro que embalou a minha infância Ecos que o tempo fez perder-se na distância Pelos buracos de suas rodas no estradão Saía o canto aborrecido do cocão Hoje em seu peito pelas fendas da idade Sai tristemente a melodia da saudade O tamueiro, tirantes de couro cru A sua esteira nos fueiros de bambu De guarantã eram as cangas parelheiras Em cada ponta dois canzis de aroeira Seu dicionário onde eu for, comigo vai Porque o carreiro foi você, meu velho pai Sempre carreando me fez homem estudado Eu te agradeço por me dar teu nome honrado