Meu cano d´agua Água da estrada Onde eu matava A sede da minha boiada Enquanto o gado descansava ruminando No descampado entre os pés de colonião Com a água fresca eu tirava de meu rosto O pó vermelho que apanhei pelo sertão O vento calmo balançava a mata verde Num galho seco um gavião se espreguiçava Eu não podia imaginar que ali no cano Todas as marcas do passado me esperavam Olhando a água a escorrer do cano d´agua Me vem da infância a saudade de outro cano Antes que o tempo no caminho do destino Enfileirasse a boiada de meus anos É aquele cano de água fria barulhando Onde mamãe lavava as roupas das crianças Hoje a menina de meus olhos é banhada Pelo meu pranto na enxurrada da lembrança