Numa canga de madeira os bois carregam a carga no velho carro em seu vai e vem Com a canga do meu destino eu carrego a vida e a vida carrega as dores que o mundo tem As dores vem dos meus sonhos despedaçados estradas esburacadas que em mim ficou Por onde puxei meu carro de amor desfeito até que a canga do tempo me calejou. Todos temos nossa canga mas nós não vemos, puxando a pesada carga da solidão Até que o carro da vida um dia pára no lamaçal sem saída do coração. Canga de madeira forte foi desgastando pelas estradas batidas desses sertões A canga do meu destino é bem mais dura porque foi feita por muitas ingratidões Sobra de amores ficaram pelos barrancos, recordações se perderam nos areiões Ficou o pó da saudade no cabeçalho, e o choro das minhas mágoas nos seus cocões Todos temos nossa canga mas nos não vemos, puxando a pesada carga da solidão Até que o carro da vida um dia pára, no lamaçal sem saída do coração.