A minha vida era um caminho largo Quando em meu peito ainda pulsava o amor Pelas encostas das montanhas verdes Até parecia um colar de flor Mas com o tempo foi se estreitando Quando a primeira ilusão chegou Parei na curva de meus desenganos Quando vi que os anos tudo me roubou Meu caminho largo ficou Para trás nos rastros de mim Muito tarde vim compreender Que existe a palavra- fim Eu tentei em vão percorrer Palmo a palmo o chão de meu ser Mas o céu que era azul e calmo Escureceu Ela deixou o meu caminho estreito Forrou seu leito de espinho e pó Somos dois troncos que jamais se encontram E o que nos abraçam são cruéis cipós Quando me lembro do caminho largo Cruzando sertões e ermos matagais Cai uma chuva de meu pranto mudo Por lembrar que tudo já não volta mais