Eu tinha três anos e ela também, na risonha infância que o tempo levou Fomos pequeninas flores que murcharam, quando a dor do mundo com a gente brincou Ela se escondia, eu a procurava, por entre as folhagens do verde pomar Nesse delicioso jogo de esconder, feliz eu não via o tempo passar. Um dia esperei e ela não veio, por lá muita gente vi aparecer Num branco caixão puseram seu corpo, disseram que ela ia se esconder Procurei por ela e nunca encontrei, só quando cresci pude adivinhar Que ela virou estrela no céu tão alto, que eu nunca pude alcançar. Destino, porque entrou no brinquedo, e fez entre nós o jogo acabar Ao longo da vida de tanto esconder, nós dois nos perdemos no eterno pomar A dor nas raízes de nossa infância, matou na menina a flor do viver Por entre a folhagem do tempo acabado nunca mais eu pude brincar de esconder.