José Fortuna

Artista de Circo

José Fortuna


Vou dizer cantando toda a minha história, sofrimento e gloria, alegria e dor
Eu sou como a abelha que em constante lida, pra ganhar a vida vai de flor em flor
Nasci na barraca e desde menino, foi o meu destino sempre a viajar
O artista de circo é como a neblina,
Que estando no espaço ninguém lhe domina
E vai para onde o vento levar.

Se estou no trapézio arriscando a sorte, enfrentando a morte pra ganhar o pão
De lá das alturas se aplauso eu mereço, sorrindo agradeço com um aceno de mão
Quando estou no drama em que a platéia chora, eles ignoram que é tudo ilusão
O meu próprio drama eu nunca revelo
Sinto a dor no peito bater em duelo
No cenário triste do meu coração.

Para o bom artista o circo é seu mundo, em cada segundo tem nova emoção
Só aquele recanto coberto de pano sabe o desengano do meu coração
Às vezes quando entro para o picadeiro, vejo o circo inteiro me admirar
Pelas cenas tristes que no drama vivo
Muitas vezes chorando sem ter um motivo
E outras vezes sorrindo querendo chorar

De aventureiro sei que alguém me chama, porém esta fama não mereço não
Todos que assim pensam não sabem direito, que também no peito tenho um coração
Porque é no circo que a vida eu ganho e não me acanho de assim dizer
Tenho até orgulho de ter esta vida
Eu nasci no circo e de cabeça erguida,
Digo que no circo eu quero morrer