Um leiteiro ganancioso enganava a freguesia Misturava água no leite e para o povo vendia Enriquecendo depressa dizia fazendo graça: “não há nada neste mundo que o homem queira e não faça Enquanto eu puxar no balde Água do poço à vontade Não falta leite na praça”. O dinheiro do seu roubo era num saco guardado E muito bem escondido para não ser encontrado Mas ele tinha um macaco que observava a trapaça Parece que ele dizia espiando da vidraça: “eu estou envergonhado, Por saber que no passado, Nós fomos da mesma raça” . Mas um dia o macaco escondido lhe seguiu Pegou o saco de dinheiro e jogou dentro do rio Voltou de novo pro mato e foi pensando consigo: “tenho vergonha do homem por se parecer comigo O homem é bicho tratante E vê no seu semelhante, O seu maior inimigo” O leiteiro desesperado dentro do rio se atirou Mas do maldito dinheiro nenhum centavo tirou Sentou na beira do rio e chorando assim falou: “quis ficar rico depressa e mais pobre hoje estou Que destino foi o meu, Tudo que a água me deu A mesma água levou”.